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Barbie e o Império da Mattel - Robin Gerber

Atualizado: 30 de abr. de 2024

"Se uma mulher quer subir na vida, ela tem que trabalhar duas vezes mais, três vezes mais, estar disponível o tempo todo para ser mãe, esposa e mulher de negócios."

Ruth Handler


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Não sei vocês, mas eu estou super-mega-hiper-ultra-pink empolgada para o lançamento do filme da Barbie na próxima semana. Sim, a Barbie foi a minha boneca preferida quando criança. Linda e poderosa, ela era a dona da casa, do carro, do trailer para viajar com as amigas. Ela tinha uma vida que ia além da casa e dos cuidados com os bebês.


A Barbie podia ser tudo que ela quisesse - e a minha imaginação de criança também.

São muitas as polêmicas da sua história: desde a sua criação, inspirada numa boneca de uma personagem não exatamente infantil (sendo bem eufemista aqui), até o padrão idealizado de beleza que ela representa - apesar de existirem Barbies que não são brancas e loiras desde os anos 80, muito antes do resto do planeta se dar conta da importância da diversidade e da representatividade.


Agora, tão polêmica quanto a Barbie, é a mãe da Barbie. Literalmente, a mãe da Barbie, já que Ruth Handler, a criadora da boneca, deu à boneca o nome da sua filha, Barbara (e ao namorado da boneca, Ken, o nome de seu filho Kenneth - sim, na vida real, Barbie e Ken são irmãos!).


Ruth foi uma mulher muito à frente do seu tempo.


Ela começou sua carreira na Paramount, onde conheceu o encantado mundo de Hollywood e todas as "ineficiências do mundo corporativo", como ela mesma fala. Anos depois, seu tino comercial e espírito empreendedor a levaram a fundar com o marido a Mattel, que viria a se tornar uma das maiores empresas de brinquedo do mundo.


A visão de negócios de Ruth é inegável.


Desde vender a boneca a um custo acessível, rentabilizando o negócio através da venda de roupas e acessórios, até a redução de custo com o uso de empresas terceirizadas para produção - mas sem nunca abrir mão da qualidade. Ela entendia a importância da pesquisa não só com consumidores (as crianças), mas também com os decisores de compra (as mães), fazendo grupos focais com mães para entender que argumentos as convenceriam a comprar uma boneca adulta para suas filhas. Entendia também a importância da projeção de demanda - e de como estimular a demanda através de investimentos pesados em publicidade que falasse diretamente às crianças, em canais e programas da Disney.


Como em toda história corporativa de crescimento e sucesso, há também aqui um lado mais complicado. Contratos que os prejudicariam anos depois, questões judiciais por direitos autorais, e os conhecidos males do mundo corporativo, como as disputas entre as divisões, a necessidade de achar um culpado, e até a falta de eficiência que tanto a incomodava no início de sua careira. Isso sem falar na pressão de acionistas que leva executivos a tomarem decisões de curto prazo - muitas vezes antiéticas, como a manipulação de dados contábeis que a afastou da liderança da empresa que ela mesma criou. E talvez não só essa, mas muitas das suas ações sejam hoje consideradas antiéticas.


Mas é importante também sempre entender o contexto histórico, político e social em que as coisas acontecem.


Ruth era uma mulher à frente do seu tempo, e entendia que a discriminação que sofria como mulher era o preço que pagava por isso. Ruth não gostava de tarefas domésticas, nem de cozinhar - e sofreu por não ser uma "mãe" tradicional. Pioneira, determinada, competitiva, franca, intransigente e resistente - esses são só alguns dos adjetivos que a descrevem (e provavelmente descrevem bem poucas outras mulheres nascidas em 1916). Ruth precisava sempre provar quão boa ela era. Nas suas palavras, na sua época:


"Não havia teto de vidro, era de concreto".


Fica a dica do livro "Barbie e o Império da Mattel", de Robin Gerner, que conta os detalhes da história de Ruth e da Mattel, para ler e se preparar para o filme - que sem dúvida vai ser um super sucesso.


PS: Ruth Handler dirigia um conversível rosa.








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©2024 por Fernanda M Schmid

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