93 resultados encontrados com uma busca vazia
- Enganados pelo Acaso, Nassim Nicholas Taleb
Foi talento? Ou pura sorte? “Iludidos pelo Acaso” é o primeiro livro da série “INCERTO”, uma coleção de cinco volumes de ensaios sobre a incerteza, do autor Nicholas Nassim Taleb. Não é uma leitura fácil: além do vocabulário difícil e das divagações filosóficas, o autor traz muitos exemplos do mercado financeiro, não tão óbvios para quem não é da área. Ainda assim, vale a leitura: é um daqueles livros que mudam a nossa forma de pensar - nesse caso, sobre o papel do acaso nas nossas vidas. Algumas das lições do livro: Não entendemos a Aleatoriedade: Nosso cérebro enxerga e inventa padrões onde não existe nada além do acaso - quem nunca viu um cachorro numa nuvem, ou uma mesma sequência de números três vezes no mesmo dia? Acreditamos que sabemos analisar esses padrões, e que conseguimos prever o futuro com esse conhecimento… do puro acaso. Foi talento ou pura sorte?: Quando vemos um caso de sucesso, logo achamos que ele é resultado do talento. Subestimamos o papel da sorte e superestimamos as habilidades - tanto dos outros, quanto as nossas. Só enxergamos o papel do acaso nos casos de fracasso, nunca nos de sucesso. E acreditamos que temos muito mais controle do que de fato temos. Só enxergamos os casos de sucesso: Admiramos e nos inspiramos nos empreendedores que criaram unicórnios, nos atletas que treinaram até chegar nas Olimpíadas e nos traders que fizeram milhões no errando financeiro - sem enxergar todos os outros que, com igual ou maior esforço, falharam e ficaram pelo caminho. A economia comportamental tem até um nome para isso: Viés de Sobrevivência. É fácil prever o passado: Depois que os eventos acontecem, é fácil explicar as causas. Fica até parecendo que era tudo previsível quando, na realidade, não era. Esse viés cognitivo, o Viés de Hindsight (Retrospectiva), é ampliado com o nosso talento para o storytelling: criamos histórias para dar sentido ao que aconteceu (ainda que por puro acaso). O poder de imaginar histórias alternativas: precisamos entender que o que de fato aconteceu é apenas uma das muitas possibilidades do que poderia ter acontecido. Pode parecer uma coisa meio dos multiversos dos super-heróis, mas entender que facilmente tudo poderia ter sido diferente ajuda a ampliar a nossa perspectiva - e nosso entendimento sobre quão pouco está de fato sob nosso controle. Por fim, o autor reforça o ponto de que não temos nem teremos temos todas as respostas. Precisamos nos sentir confortáveis com isso, e estar sempre abertos a novas ideias e aos caminhos que o acaso vai abrir. Link: https://amzn.to/3FeorXO
- Felicidade Autêntica, Martin Seligman
Você sabe o que é Psicologia Positiva? Imagina um “Personal Trainer” da Felicidade. Essa é a definição dada por Dr. Martin Seligman, psicólogo e professor da UPenn, e considerado o “pai” da Psicologia Positiva. A Psicologia “tradicional” foca no tratamento de doenças psicológicas, como depressão, transtorno de ansiedade, etc. Super importante - mas é como sair de uma vida nota -7 para uma vida nota 2. Já a Psicologia Positiva funciona de forma mais “pro-ativa”. Ela tem como foco as emoções positivas, como alegria e gratidão, e como podemos usar as nossas fortalezas e virtudes para alcançarmos a felicidade. Tipo sair de uma vida nota 3 e chegar uma vida nota 8. Faz sentido? Nesse livro, “Felicidade Autêntica”, Seligman faz esse papel de “Personal Trainer” da felicidade, não só contando mais sobre o conceito de Psicologia Positiva, mas “passando um treino”: as atividades que devemos fazer para sermos mais felizes e completos. Na primeira parte do livro, o autor fala sobre como os diversos tipos de emoções positivas, separando-as entre Passado (como satisfação, orgulho, e realização), Presente (como alegria, diversão, entusiasmo, e sensação de flow) e Futuro (como otimismo, esperança, e fé), e traz dicas de exercícios para identificar e aproveitar ao máximo essas emoções. Na segunda parte, o autor ensina como identificar as suas fortalezas pessoais ( spoiler : vai no site https://www.authentichappiness.sas.upenn.edu/ e faz o teste das “24 VIA Strenghts”). Já a terceira parte do livro é ainda mais prática, e foca em como usar as suas fortalezas no trabalho, no amor, e na criação dos filhos. Essa, aliás, foi a minha parte preferida do livro. Ainda mais quando descobri que, sem saber, eu já usava algumas “técnicas” com a minha filha, como o jogo dos “melhores momentos”. Logo antes de dormir, peço para ela falar quais as coisas mais legais que aconteceram naquela dia. Ela sempre tem uma boa resposta - desde brincar na piscina até tomar sorvete de unicórnio. É uma brincadeira, mas que ajuda a internalizar mais pensamentos positivos e - agora eu sei, também segundo estudos científicos - a ter sonhos mais “doces” (no caso do sorvete de unicórnio, quase literalmente!). Por fim, o autor fala sobre propósito, e sobre a importância de alinhar e usar ao máximo as nossas fortalezas para ter uma vida mais completa. Um super livro, que eu recomendo para qualquer pessoa que queira tirar o máximo da vida! #livros #leitura #dicadeleitura #psicologiapositiva #martinseligman Link: https://amzn.to/3DbsZgP
- As 22 Leis Imutáveis do Marketing, Al Ries e Jack Trout
Qual o melhor livro de Marketing que você já leu? Eu tenho alguns preferidos, e esse é um deles: As 22 Leis Imutáveis do Marketing de Al Ries e Jack Trout. Não, não vou defender que todas as leis são válidas até hoje. O livro é de 1993 - então obviamente não captura tantas mudanças que passamos desde a bolha das dot.com e da proliferação das mídias e redes sociais, até os recentes avanços das ferramentas de IA. Apesar do título brilhante (pelo menos para vender o livro!), a maior crítica a essa obra é justamente o fato de o autores chamarem de “leis imutáveis” aquilo que talvez sejam só ótimos “guiding principles”. Mas basta um pensamento um pouquinho crítico para filtrar aquilo que talvez não faça mais sentido e aprender muito com o restante do livro. A maior lição do livro, e que resume talvez umas 6 ou 7 das “leis” é que tudo que existe no mundo do Marketing são percepções na mente de um consumidor. O desafio, então, é entender o que se passa na cabeça do consumidor, brigar pela sua atenção e conseguir conquistar não só mais espaço e a posição de #1, mas principalmente, mais significado para aquele consumidor. Várias das leis se sustentam até hoje: a importância do foco, do investimento, da visão de longo prazo. Muitas das leis relacionadas a posicionamento também podem gerar ótimos insights para quem não é a marca líder - por exemplo, como se apresentar como o “oposto” do primeiro, como a “alternativa” (e talvez conquistando uma outra fatia do mercado). O livro é curtinho - não chega a 150 páginas, e é bem fácil de ler. E se você não aprender nada com as “leis” que ainda são válidas, no mínimo vai se divertir com os exemplos de empresas de “sucesso” (que desapareceram do mapa em algum momento desde a publicação do livro) ou de “fracasso” (como o de Bill Gates ao lançar o Excel e Word para competir com ferramentas estabelecidas como o Lotus e o WordPerfect - WordWHAT ?). Vale a leitura! Link: https://amzn.to/412ouxa Para quem quiser conhecer as 22 Leis e o que cada uma diz (numa tradução livre minha): 1 - A Lei da Liderança – É melhor ser o primeiro do que ser o melhor 2 - A Lei da Categoria – Se você não puder ser o primeiro de uma categoria, crie uma categoria na qual você possa ser o primeiro 3 - A Lei da Mente – É melhor ser o primeiro na mente do consumidor do que ser o primeiro no mercado 4 - A Lei da Percepção – O marketing não é uma batalha de produtos, mas uma batalha de percepções 5 - A Lei do Fogo – O mais poderoso conceito de marketing é ser dono de uma palavra na mente do potencial cliente 6 - A Lei da Exclusividade – Duas empresas não podem ser donas da mesma palavra na mente do potencial cliente 7 - A Lei da Escada – A estratégia a ser usada depende do degrau que você ocupa na escada 8 - A Lei da Dualidade – No longo prazo, todo mercado se torna uma corrida de dois cavalos 9 - A Lei do Oposto – Se você estiver mirando no segundo lugar, sua estratégia será definida pelo líder 10 - A Lei da Divisão – Com o passar do tempo, uma categoria se dividirá em duas ou mais categorias 11 - A Lei da Perspectiva – Os efeitos do marketing se estendem por um período prolongado 12 - A Lei da Extensão de Linha – Há uma pressão irresistível para estender o valor de uma marca 13 - A Lei do Sacrifício – Você precisa renunciar alguma coisa para poder ganhar outra 14 - A Lei dos Atributos – Para cada atributo, existe um atributo oposto e eficaz 15 - A Lei da Sinceridade – Quando você admite um negativo, o potencial cliente lhe dá um positivo 16 - A Lei da Singularidade – Em cada situação, apenas uma movimentação produzirá resultados substanciais 17 - A Lei da Imprevisibilidade – A menos que você faça os planos de seus concorrentes, não há como prever o futuro 18 - A Lei do Sucesso – O sucesso pode levar à arrogância, e a arrogância ao fracasso 19 - A Lei do Fracasso – O fracasso deve ser esperado e aceito 20 - A Lei do Hype – A situação é muitas vezes o oposto de como aparece na imprensa 21 - A Lei da Aceleração – Programas bem-sucedidos não se baseiam em modismos, mas em tendências 22 - A Lei dos Recursos – Sem um financiamento adequado, nenhuma ideia sai do chão
- Os Segredos da Mente Milionária, T. Harv Eker
Os Segredos da Mente Milionária , T. Harv Eker, foi publicado em 2005 - mas está até hoje na lista dos Mais vendidos da Amazon, na categoria Motivacional Auto-Ajuda . E o livro tem bastante de auto-ajuda, mesmo: pelo menos uns 10 dos “17 Arquivos da Riqueza” focam nos modos de pensar que diferem as pessoas ricas dos demais. Não desconsidero esses conselhos - como estudante de neurociência, entendo a importância dos nossos modelos mentais e como eles influenciam nossas ações. Mas a verdade é que o maior valor do livro está é nos demais conselhos - muito mais práticos e objetivos, que tratam de gestão financeira em si. Tentei resumir alguns aqui: ✔ Administre bem seu dinheiro Se você não cuida bem do que tem hoje, não terá mais amanhã. Isso envolve ter controle e gestão de suas finanças, planejar gastos, e - principalmente - reduzir o seu custo de vida. ✔ Foque na construção de um patrimônio Não importa quanto você ganha, e sim quanto você guarda. Quem nunca ouviu as histórias de ganhadores de loteria ou jogadores de futebol que, de depois de alguns anos como milionários, acabaram cheios de dívidas? ✔ Ponha seu dinheiro para trabalhar por você Ligado ao ponto anterior, o segredo está em acumular ativos que gerem renda passiva - sem que você precise trabalhar ativamente. Investimentos, apartamentos de aluguel - o que couber no seu orçamento. O importante é começar a fazer o dinheiro trabalhar para você. ✔ Seja remunerado por resultados, não por tempo Trocar tempo por dinheiro impõe um limite ao quanto você conseguirá acumular. Quem prefere ser pago com base em seus resultados demonstra confiança em suas habilidades e no valor que agregam - e ganha mais. ✔ Foco e Dedicação Enriquecer exige foco, conhecimento, especialização, e 100% de dedicação. Não existe caminho fácil (nem mesmo para os influenciadores que querem fazer você achar que sim). Em resumo: mesmo no livro mais vendido de “auto-ajuda motivacional”, a maior lição é que não basta visualizar a conta bancária cheia ou falar em voz alta os mantras do sucesso. O segredo é a educação financeira: poupar, investir, administrar seus recursos, e construir um patrimônio sólido ao longo do tempo. PS: Esse foi mais um livro que comecei com uma pitada de preconceito (ok, talvez uma colher de sopa inteira de preconceito), mas que acabou me surpreendendo. Nada como ir além da capa, né?
- A Bailarina de Auschwitz, Edith Eva Eger
Aos 16 anos, Edith Eva Eger viu sua família ser destruída e enfrentou horrores inimagináveis em campos de concentração. Sobrevivente de um dos períodos mais sombrios da história, a autora de A Bailarina de Auschwitz mostra no livro como, mesmo nos momentos mais difíceis, é possível transformar a dor em crescimento. Depois de anos lidando com a culpa e as cicatrizes emocionais de tudo que viveu, Edith se formou em psicologia. Ela acabou encontrando seu propósito ajudando pacientes com transtorno do estresse pós-traumático, como veteranos de guerra e mulheres vítimas de violência doméstica, a lidar com o passado. Segundo Edith, não se trata de apagar ou esquecer o que aconteceu; mas sim, de escolher não ficar aprisionado, e de entender que mesmo as experiências mais dolorosas podem ser ressignificadas. Em um momento em que as notícias são tão tristes, essa é uma leitura essencial para todos que buscam entender a profundidade da resiliência humana e a nossa capacidade de superação.
- Desinformação, Dan Ariely
Todo mundo tem um “tio” - de sangue ou consideração - que, no que pareceu ser de uma dia pro outro, começou a acreditar em teorias da conspiração, ser anti-vacinas ou achar que a terra é plana. O que leva alguém - até então aparentemente racional - a acreditar em fake news e teorias da conspiração? Esse é o tema do livro Desinformação, do professor de Psicologia e Economia Comportamental Dan Ariely (muito conhecido pelo livro Previsivelmente Irracional). É fácil colocar uma primeira culpa nas redes sociais (e sim, elas têm um poder amplificador). Mas nesse livro, Ariely investiga a psicologia humana, mostrando como nossas emoções, vieses cognitivos e até nossa personalidade podem nos conduzir pelo que ele chama de “Funil da Desinformação”. O funil tem quatro etapas: 1- EMOCIONAL - Estresse e busca por controle: Quando enfrenta incerteza, a pessoa sente uma necessidade urgente de entender o que está acontecendo. Com isso, cria histórias (muitas vezes falsas) para dar sentido ao caos e busca culpados. Isso aumenta a sensação de controle e compreensão. 2- COGNITIVO - Busca enviesada e raciocínio motivado: Em vez de investigar diferentes perspectivas, a pessoa busca informações que confirmem o que já acredita, ignorando informações diferentes e distorcendo a realidade para manter a ilusão de que está certa. Para piorar: se ela expressa publicamente suas crenças - seja em redes sociais ou no jantar de família - ela entra numa “escalada de compromisso”, ficando cada vez mais apegados a elas. 3- PERSONALIDADE : Algumas pessoas têm maior predisposição para entrar nesse funil; por exemplo, pessoas com tendência a confiar demais nas suas intuições, que vêem padrões onde eles não existem, e com vieses cognitivos, como confundir correlação com relação causal, ou achar que dois eventos acontecerem é mais provável do que só um deles (a falácia da conjunção). 4 - SOCIAL - As forças sociais estão presentes desde o início, do funil, mas vão aumentando seu poder de influência conforme a pessoa vai se afastando do convívio com familiares e amigos que não acreditam nas mesmas coisas, e conhecendo e se relacionando (ainda que virtualmente) com outros que compartilham de suas crenças. O livro foca bastante no COVID-19, e nos ataques que o próprio Dan Ariely viveu ao se descobrir, em diversos vídeos e matérias fake , como um dos “líderes” criadores de toda a trama para espalhar o vírus e reduzir a população mundial. Vale a leitura! Ou quem sabe recomendar o livro pro tal “tio”? #fakenews #livros #danariely #psicologia #leitura Link: https://amzn.to/40Awc18
- Inteligência Emocional, Daniel Goleman
Daniel Goleman é considerado por muitos como o “pai” da Inteligência Emocional - certamente, por conta de seu livro, best-seller publicado em 1995 e com mais de 5 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. O que nem todo mundo sabe é que não foi ele quem criou esse conceito. No próprio livro, ele conta que se baseou muito no trabalho de dois outros pesquisadores, Peter Salovey e John Mayer. Isso, é claro, não diminui a importância do livro de Goleman, que rompeu as barreiras do meio acadêmico e popularizou a expressão no meio corporativo. No livro, Goleman explora diversos aspectos das emoções: desde a sua função evolutiva (nos ajudando a reagir rapidamente a situações de perigo) até como o nosso “cérebro emocional” (sistema límbico) frequentemente toma decisões antes do cérebro racional (córtex pré-frontal). De forma super didática (apesar do livro em inglês ter um vocabulário bastante denso), o autor descreve o que ele considera os cinco pilares da inteligência emocional: - AUTOCONSCIÊNCIA: a capacidade de reconhecer e nomear as próprias emoções - AUTOREGULAÇÃO: saber controlar reações emocionais - AUTOMOTIVAÇÃO: conseguir canalizar emoções para atingir objetivos - EMPATIA: compreender as emoções dos outros - HABILIDADES SOCIAIS: saber se relacionar de forma eficaz O que eu mais gostei no livro é que ele traz diversos estudos de neurociência e psicologia para fundamentar os conceitos apresentados (citando Howard Gardner, Mihaly Csikzentmihalyi, Martin Seligman, John Caccioppo, paul Ekman, entre outros). Inclusive, se você leu “Mindset” (da Carol Dweck) ou “Garra”, da Angela Duckworth, vai perceber que as bases do que elas falam já estavam presentes (ainda que com outros nomes) nesse clássico da psicologia. O que menos gostei? Com exceção dos capítulos finais, onde ele fala sobre janelas de oportunidade e traz de forma bem clara ideias e programas de como desenvolver inteligência emocional em crianças, no restante do livro as explicações são mais teóricas e menos práticas. Vale como uma leitura inicial para aprender sobre o assunto, mas insuficiente para quem precisa mudar de fato algum comportamento. PS: É comum atribuírem a Goleman a afirmação de que “Inteligência Emocional importa mais do que QI”. Terminei recentemente um curso dele, e ele é enfático em dizer que é só ler com atenção o subtítulo do livro que você percebe que ela PODE importar mais do que QI - mas que isso depende, é claro, da função e do momento da carreira de cada um. E que, além do QI e do “QE”, diversos outros aspectos determinam o sucesso de uma pessoa: da classe social até a pura sorte. Link: https://amzn.to/4at3ioi
- Cada Vez Mais Forte, Arthur C. Brooks
Você é viciado em sucesso? “Cada Vez Mais Forte”, do professor de Harvard Arthur C. Brooks, foi um dos meus livros preferidos de 2024. Confesso que demorei uns meses para comprar, porque estava com uma pitadinha de preconceito. Achei o subtítulo - “Como encontrar sucesso, felicidade, e propósito na segunda metade da vida.” - meio piegas. Mas li alguns reviews animadores, dei uma chance, e não me arrependi. Um dos melhores conceitos que ele traz no livro é, na verdade, de 1971, e foi proposto pelo psicólogo britânico Raymond Cattell. É a ideia de que as pessoas têm dois tipos de inteligência: a inteligência fluida e a inteligência cristalizada. A inteligência fluida é aquela relacionada à nossa habilidade de raciocinar, pensar com flexibilidade, aprender rápido e resolver novos problemas. Ela chega no auge no começo da vida adulta, quando temos o máximo de energia e buscamos o sucesso através do trabalho. A questão é que o sucesso chega - mas a satisfação não. Então trabalhamos mais, em busca de mais sucesso. Um dos exemplos do livro é de uma executiva internacional, super bem sucedida aos olhos de todos ao seu redor, mas que - nas suas próprias palavras: “criou uma versão de si mesma que os outros admiram”. A aprovação, os aplausos e os elogios que recebia só alimentavam seu circuito de dopamina - e ela nunca se sentia “bem-sucedida o suficiente”. E com o auge do sucesso, vem o medo do declínio. E é fato: a tal inteligência fluida, combustível do sucesso, começa a cair entre os 30-40 anos. (Essa é a hora que você para de ler, bebe meio litro de água e respira fundo porque o autor PRE-CI-SA mudar de direção). A boa notícia é que existe uma segunda “curva” de inteligência que, nesse mesmo momento, está em crescimento. É a inteligência cristalizada: a habilidade de utilizar o conhecimento que a pessoa adquiriu durante toda a vida; a “sabedoria”. E o melhor: essa não diminui até bem tarde na vida (assumindo que você se cuide, durma 8 horas por noite, pratique atividade física, etc etc etc!). Enfim, o desafio que o autor propõe é justamente esse: a coragem de se livrar do vício no “sucesso”, e decidir saltar da primeira para a segunda curva. Isso pode significar uma mudança de setor, de carreira, voltar a estudar ou redirecionar seus conhecimentos, como por exemplo de uma posição executiva para uma posição de Conselho. A transição entre as curvas pode ser desconfortável — como em qualquer momento de liminaridade na vida, existe o medo de perder relevância e a dificuldade de deixar o conhecido para trás. O segredo, segundo Brooks, está em entender que o que o trouxe até aqui não o levará para o futuro, e que o quanto antes você começar a desenvolver novas habilidades, mais seguro estará para o dar esse salto. Vale a leitura! Link Amazon: https://amzn.to/40LRURr
- A regra é não ter regras, Reed Hastings e Erin Meyer
Talvez você não tenha lido, mas provavelmente já ouviu falar sobre o “Netflix Culture Deck”, um documento de pouco mais de 100 slides que explica a cultura corporativa da hashtag#Netflix . No livro "A Regra é Não Ter Regras" , Reed Hastings (fundador da Netflix) e Erin Meyer (professora da Insead) detalham o modelo de gestão e a cultura de “Liberdade e Responsabilidade” da empresa que se tornou referência em streaming e roubou o lugar da Blockbuster no coração (e bolso) dos clientes. Algumas regras parecem estranhas para quem está acostumado com a rigidez das políticas de reembolso e bônus por performance. Mas é inegável que, com as pessoas e a cultura certas, são essas “regras” que construíram o sucesso da Netflix. As 9 etapas são: 1 - Aumente a densidade de talentos: priorize a contratação e retenção dos melhores profissionais do mercado, pagando acima da média. 2 - Promova o candor: incentive o feedback honesto (mesmo quando desconfortável). 3 - Remova os controles: à medida que a equipe amadurece, elimine burocracias como controle e limites de férias ou aprovação de despesas. 4 - Fortaleça a densidade de talentos: pague acima da média de mercado, sem bônus atrelado a performance. 5 - Aumente a transparência: ensine as equipes a lerem o P&L e compartilhe informações financeiras e estratégicas com todos. 6 - Delegue a tomada de decisão: para encorajar a inovação, a a tomada de decisão deve estar em todos os níveis hierárquicos (e aprenda com os erros) 7 - Maximize a densidade de talentos: encoraje os líderes a manterem em seus times apenas as pessoas com a mais alta performance. Líderes que toleram desempenho medíocre afetam toda a organização. 8 - Maximize o candor: crie mecanismos oficiais de feedback e treine os funcionários para que falem abertamente e honestamente uns com os outros 9 - Lidere com contexto, não controle: deixe clara a direção para onde a empresa vai, para que as pessoas possam tomar as melhores decisões. Inspirador? Sem dúvida! E várias empresas tentam copiar esse modelo. Mas um erro comum é tentar aplicar partes dessas regras ou pular etapas. Por exemplo, sem densidade de talentos, não é possível promover feedbacks honestos. Algumas pessoas - até mesmo (ou principalmente?) líderes - simplesmente não estão preparadas para ouvir. O sucesso da Netflix está na maturidade para implementar, ouvir, ajustar e aprender continuamente. Link: https://amzn.to/3ZoaQF2
- Como as Marcas Crescem, Byron Sharp
"How Brands Grow", de Byron Sharp, é um livro que questiona (com dados, evidências e uma clareza impressionante) todas as nossas "verdades" sobre gestão de marcas. Algumas das provocações que ele traz: 👀 Crescimento vem de ganho de penetração (mais consumidores), não de lealdade (consumidores fiéis) - é melhor focar em aquisição do que em retenção 👀 Distinção (logo, cores, slogan) fáceis de reconhecer são mais importantes que inovação e diferenciação 👀 Descontos e promoções só reduzem margens, antecipando compras de consumidores que já usam a marca, e não trazem novos consumidores 👀 Comunicação de massa é mais efetiva que marketing segmentado 👀 O uso de emoções genéricas (e com apelo de massa) é mais impactante que valores profundos ou narrativas complexas É para concordar com tudo e mudar toda a sua estratégia? Não. Mesmo com tantos dados, de diversas categorias e países, hashtag#marketing é uma disciplina complexa, com especificidades difíceis de serem generalizadas em "leis universais" como as que Sharp traz no livro. Ainda assim, sem dúvida, essa é uma leitura obrigatória para profissionais de marketing, que muitas vezes se deixam levar pela nova teoria ou modismo e esquecem de avaliar dados e evidências reais do comportamento da peça mais importante: o consumidor. Link para compra: https://amzn.to/3ClKXN9 #livros #branding #leitura
- Sem Filtro, Sarah Frier
Adoro histórias de bastidores sobre startups, da visão dos founders até o produto que acabamos conhecendo (passando por muitas iterações e “perrengues” no meio do caminho). SEM FILTRO, da jornalista Sarah Frier, traz tudo isso - e muito mais. O livro narra a história do Instagram, provavelmente o app que teve maior impacto na sociedade nos últimos dez anos. O sucesso inicial do Instagram veio da combinação de timing perfeito (ele nasceu quase junto com a popularização de smartphones com câmeras) com a simplicidade do app e o foco constante na experiência do usuário. Tudo isso foi potencializado após a compra (precoce?) pelo Facebook, que possibilitou anos de crescimento sem receita, seguindo a tese de Zuckerberg, de que “a geração de receita deve vir apenas depois que a rede tiver poder de permanência”. A autora então conta os bastidores de como, com o capital para crescer, vieram também os interesses e as pressões políticas e culturais, a falta de autonomia e - eventualmente - a saída dos founders, pouco depois de atingirem o marco de 1 bilhão de usuários. Mas o ponto mais interessante do livro, sem dúvida, é o impacto do aplicativo na sociedade. O Instagram desafiou nossos conceitos de mídia e celebridade; criou uma nova economia de influenciadores; redefiniu o que admiramos (e compartilhamos) como estilo de vida; deformou a nossa percepção da realidade, através de filtros e métricas e das pequenas doses de dopamina a cada “like” ou novo seguidor. “Sem Filtro” é uma leitura obrigatória para quem quer entender a história de uma das redes sociais mais influentes, as complexidades de uma grande aquisição e os impactos sociais que surgem quando tecnologia muda tão profundamente o comportamento da sociedade. PS: E já que falamos do assunto, me segue lá no @livronomia_. PS2: Aproveita que o livro está em promoção na Black antecipada da Amazon: https://amzn.to/3CmOAC9
- Sobre Ter Certeza, Robert A. Burton
Você tem certeza? Quantas vezes respondemos que sim a essa pergunta - e depois nos surpreendemos por estarmos errados? Afinal, você sabe o que é ter certeza? No livro “Sobre Ter Certeza”, Robert A. Burton, investiga os processos neurológicos por trás da sensação de certeza, e desafia a nossa crença de que a convicção é necessariamente fruto da razão e da lógica. Segundo o autor, a sensação de certeza é uma emoção, uma sensação gerada pelo cérebro. Ele compara a certeza a outras emoções ou sensações, como fome ou medo — algo que está fora do nosso controle. Burton explica que diferentes regiões cerebrais, como o córtex pré-frontal e o sistema límbico, trabalham em conjunto para gerar a sensação de convicção. Ela vem, assim, de circuitos neurológicos que envolvem “camadas mais profundas” do inconsciente - onde o pensamento não é necessariamente racional e pautado em evidências. Talvez seja justamente por isso que temos tanta dificuldade em mudar de opinião - ou convencer alguém a mudar de opinião com argumentos puramente racionais em cima de temas polarizastes como política e religião. A lição do livro (eu acho) é que precisamos nos acostumar com a ideia de que não ter certeza é parte fundamental da condição humana. Em vez de buscarmos a certeza a qualquer custo, devemos aceitar a complexidade e o questionamento contínuo, entendendo que a certeza também pode ser uma ilusão ou um ponto de vista - e que reconhecer a incerteza pode nos tornar mais empáticos. Com certeza (rs), esse foi o livro mais difícil que li esse ano. Além da linguagem bastante acadêmica, o próprio autor, ao sugerir a sua tese sobre a certeza, afirma não ter certeza se ela está certa… Não vou dizer que não recomendo a leitura - mas (com certeza!) é um livro para quem já estuda neurociências ou tem algum conhecimento mais profundo em psicologia. Link: https://amzn.to/48hrskv